Por psicóloga Sirley R. S. Bittú
Uma mulher quando deseja ser mãe muitas vezes enfrenta alguns medos; as perguntas mais freqüentes são: Será que vou dar conta?, conseguirei oferecer ao meu filho todo carinho e amor de que ele necessitará? Serei paciente o suficiente? Conseguirei gerar um filho perfeito? Conseguirei gerar um filho? Conseguirei educá-lo sem traumas? Conseguirei sustentá-lo? Saberei cuidar dele fisicamente? E os primeiros banhos? E o umbigo? Conseguirei protegê-lo da violência dos nossos tempos? Conseguirei sustentá-lo? Repetirei com meu filho o que vivi como filha? Algumas vezes o pavor é tanto que algumas mulheres desistem de tentar ou muitas vezes nem conseguem engravidar.
Quando experimentamos um novo papel, deparamo-nos com sentimentos, necessidades e percepções totalmente novas, pois o tipo de papel que estamos tentando desenvolver nos é desconhecido de maneira profunda. Cada papel novo que desempenhamos traz consigo outros papéis relacionados, como nesse caso o papel de mulher, de mãe e de filha. Só é possível assumir o papel de mãe quando conseguirmos deixar o papel e filha, e o que isso significa? Implica em assumir a responsabilidade sobre nossas vidas, passar do papel de “ser cuidado” para o papel de “cuidador”. É quando naturalmente nos tornamos mães e pais de nossos pais.
Em outras palavras a condução desse processo está relacionada a nossa segurança interna e autoestima.
O papel de mãe se fortalece sustentado pela própria capacidade da mulher de sentir-se fortalecida com suas características mesmo sendo consciente daquelas características que não gosta tanto.
Durante a vida todos nós somos solicitados a treinar esse papel de alguma forma, mesmo os homens. Isto acontece quando nos percebemos sendo generosos, afetivos, espontâneos e criativos não apenas em relação aos outros mas também a nós mesmos. Acredito que é o que mantém a esperança na natureza humana.
Nossa vivência de ser acolhido, certamente nos fortalece e nos ensina a acolher o outro. Podemos ter essa experiência, não apenas nas relações que tivemos com nossas “mães de origem” mas, em todas as relações afetivas que estabelecemos durante nossas vidas.
Algumas vezes a maternidade chega sem sobreaviso trazendo à vida de algumas mulheres, muitas vezes ainda meninas, uma mistura de sentimentos, um emaranhado confuso entre amor, raiva, culpa, desespero, insegurança e principalmente medo. Ainda são apenas filhas e muitas vezes não estão prontas para assumir essa tarefa, precisando de todo tipo de ajuda e principalmente de suporte emocional.
E nossas dúvidas, há respostas para essas perguntas? Quando tentamos responde-las, caímos no caos do desconhecimento, no escuro, no duro limite de nossa potência e impotência sobre nossas vidas, pois não temos como garantir que teremos dinheiro para alimentá-lo, por exemplo, ou conseguiremos evitar um assalto, um seqüestro ou um atropelamento, e somos então invadidos pelo medo e pelo pavor. A sociedade faz da violência uma constante em nossos dias, limitando nossas vidas e nossos desejos.
Então o que temos? Temos o que sempre tivemos: nossa disponibilidade e nosso amor, o ser humano nunca teve e dificilmente terá, o total controle sobre os acontecimentos, as frustrações e as dores que inevitavelmente passamos durante nosso caminho de desenvolvimento, o que temos é a certeza de que faremos o que estiver ao nosso alcance ,pois, daremos o nosso melhor e com isso, o medo não desaparecerá por completo, mas se tornará apenas nossa cautela, prudência e sensatez que nos protegerá e nos acalentará.
Maternidade é uma dádiva, e como tal, exige responsabilidade e comprometimento de quem gera, trata-se de um comprometimento com a vida, um pacto de amor e dedicação e para tanto a mulher deve sentir-se preparada e estar disposta, para esse belo ato de coragem e fé.
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