Douglas Amorim

Você está sendo uma mãe ruim?

Qual é o preço que uma mulher paga para ser mãe? Se você está lendo esse texto e é mãe, certamente saberá dizer sem pensar muito o que enfrenta todos os dias por ter um dia optado em ser mãe. E se conseguir ainda elencar os pontos negativos, imagino a culpa que sente, ou o julgamento que receberá ao manifestar-se.
Ser mãe é padecer no paraíso como diz o ditado, o que fica subjetivado nessa crença popular é que a mãe deve se sacrificar em prol dos filhos, e até mesmo da família. Não sobra espaço para ela ser outra coisa que não mãe. E ainda assim dentro de um emaranhado de regras e exigências sociais daquilo que o outro entende por ser mãe.
Que carga de cobranças uma mãe recebe, não é mesmo?
Essa cobrança de perfeição têm produzido muita angústia e sofrimento. Elas acumulam papéis e precisam dar conta de todos. Ela não é apenas mãe. É mãe, profissional, esposa, dona de casa e, muitas vezes provedora da casa também. Os bebês sozinhos já exigiriam muito de uma pessoa. Eles necessitam de cuidado e atenção 24 horas nos primeiros meses de vida. A mãe precisa estar amparada física e psiquicamente para dar suporte para que o bebê se desenvolva da forma mais adequada possível.

A nova rotina é desgastante, pois mesmo que tenha um companheiro, normalmente eles se envolvem até a página dois, o que deixa à cargo da mulher a responsabilidade maior. Quando os filhos crescem esse papel não se modifica. É da mulher que será exigido cuidar da matricula na escola, ir à reunião, auxiliar na tarefa de casa, faltar trabalho para levar ao médico, cuidar da alimentação, roupas, etc.

O homem fica blindado socialmente e muitas vezes corrobora a pressão sobre a mulher a culpando quando algo não vai como “deve ser”. Algumas pacientes apontam que muitas vezes se sentem solitárias. Visto que, ao que parece, ninguém compreende pelo o que estão passando.
Como se considerar boa mãe quando há inúmeras pessoas apontando como se deve ser. – Ou seja, evidenciando que você não é?

Primeiro há de se considerar que você é uma pessoa. Que possui vontades e desejos, sonhos e limitações. Que precisa de ajuda e apoio e não julgamentos. Outro gatilho importante, é se lembrar que seus pais não foram perfeitos. Foram tudo o que puderam ser e você sobreviveu. A pressão passa pelo que entendemos como o correto, também. A forma como percebemos a maneira que deveríamos, e queríamos ser. E isso é uma construção social e subjetiva.
Se a vertente for do “ser mãe é padecer no paraíso”, toda vez que sentir que não está correspondo à isso, o julgamento alheio irá se tornar algo mais pesado e real sobre você. É preciso se tratar com mais carinho e até mesmo justiça. Você sabe quando está dando o seu melhor e, só o fato de saber isso deveria servir para o seu descanso.
A maternidade pode se tornar algo mais leve e prazeroso, na medida que você se lembrar que suas limitações são até mesmo necessárias para você se desenvolver. Lembrar-se que as dificuldades e você mesma é a sua melhor professora. Então, porque não parar de padecer um pouco e aproveitar o paraíso. Sendo mãe, sendo esposa, sendo dona de casa, sendo profissional, sendo mulher e sendo você!

Douglas Amorim

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