Na infância, quem nunca participou do diálogo:
– Pai, posso ir à festa com a turma?
– Não!
– Pow pai, “todo mundo” vai…
– Por isso mesmo que você não vai, você não é “todo mundo”…
Por vezes somos tentados a nos compararmos com determinada pessoa, ou ajustados com pensamento de um grupo, no desejo de reivindicar direitos ou participar de acontecimentos que interessam. Mas qual é o problema com isso?
Acredito que problema nenhum!
No berço da filosofia clássica, Aristóteles definiu o Homem como um animal social, e que a humanização depende dos modelos construídos na interação com os demais da espécie.
Segundo a antiga filosofia grega, as potencialidades da pessoa só podem se manifestar, se alterar ou encontrar o caminho da evolução por intermédio do contato entre os conteúdos pessoais e as experiências dos demais indivíduos que coexistem no mesmo meio. Essa socialização tem a função de mesclar o que somos, com o que são os outros, e assim gerar novas alternativas de ‘ser-no-mundo’.
Mas a partir de quando a interação com o meio, e a observação “do que é o outro” pode ser prejudicial?
Para esta pergunta não possuo uma resposta pronta. Entendo que cada pessoa é autônoma para ser quem sente que precisa ser, oferecendo de si e absorvendo do mundo a bagagem que compreende necessária para a satisfação pessoal, para ser feliz.
Se estou com ‘mais calor’, estou com a sensação térmica mais aquecida com relação a alguém; Se estou com mais medo, estou com maior vulnerabilidade em relação à postura corajosa de outro, mediante às incertezas ou ao desconhecido; Se estou mais triste do que a maioria, estou menos adaptado às mudanças e imprevisibilidades da vida, que me surpreendem negativamente, e isso me faz sentir perdido com relação à maneira de proceder…
Quando comparamos o que somos com aquilo que são os outros, a ponto de deixar a angústia ocupar os espaços existentes entre o “eu” e o que os outros são, prestamos um desserviço à nós mesmos sem nos darmos conta.
As batalhas individuais habitualmente não entram nessa conta, porque cada um de nós construímos um entendimento diferente para cada dor e cada prazer, para cada lágrima e cada sorriso, cada derrota e cada vitória, cada conquista e cada fracasso…
A Era digital, da informação e da vida nas redes sociais, revela uma Síndrome barulhenta e colorida.
A fantasia da “vida feliz”, bem resolvida, onde todas as pessoas amam e são amadas, são politicamente corretas, bem-sucedidas, esteticamente belas, muito bem acompanhadas, frequentadoras de lugares legais, onde a felicidade é facilmente conquistada, tem se tornando uma obrigação indiscutível. Essa fantasia oportunizada pela exposição digital colabora para a criação de um entendimento de que, ou você vive assim, ou está errando em suas escolhas, uma vez que “as escolhas certas só levam ao sucesso, à beleza e à felicidade…”
Não caro leitor, não cara leitora…. Não é assim que a vida real se estrutura no dia-a-dia!
O Ser Humano é uma construção constituída de experiências, sensações e percepções. É intuitivo, sensitivo e afetivo. Pode ser vulnerável a ponto de chorar com um comercial de TV, ou pode ser comparado à um gladiador medieval em sua força, ao superar uma situação de luto. É composto por humor que pode oscilar drasticamente no mesmo dia, personalidade construída por uma infinidade de fatores, influências biológicas, psicológicas e sociais…
Cada pessoa, com toda essa carga própria, única e indivisível, pode vivenciar um bilhão de experiências, e dentre elas, a vontade de se comparar, sentir, provar e possuir aquilo que outras pessoas possuem, provam, sentem e são.
Isso é tão natural quanto o ato de respirar!
Contudo, o descontentamento ao sentirmos o vazio presente, quando comparamos a nossa vida e nosso comportamento com o de um outro alguém, é de total responsabilidade de cada um.
O Psicólogo é o profissional indicado para lhe auxiliar no tratamento da angústia, que prevalece quando o estilo da vida alheia é entendido como melhor escolha em comparação com a própria maneira de viver…
Procure um Psicólogo!
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