Quantas vezes ao dia você se alimenta, seja através de refeições completas, seja dos pequenos “beliscos”?
E, dessas vezes que você se alimentou, em quantas, realmente, você sentia fome?
Minha intenção foi ter causado algum tipo de impacto em você, pois o mais comum é que os alimentos que entram pela nossa boca durante o dia, sejam em maior quantidade daquela necessária à nossa subsistência e nem sempre nos damos conta disso.
Diante disso, é fácil perceber que o que nos move a comer, muito longe de se tratar apenas de necessidades orgânicas, é algo cujas origens percorrem outros caminhos.
Desde muito cedo, a comida nos é apresentada e, a partir daí, ela começa a assumir papéis dos mais diversos e que nos acompanharão por toda nossa vida, quase como um personagem oculto, imperceptível, mas extremamente atuante.
Além de alimentar, a amamentação oferece ao bebê,, sensações de acalanto, bem estar e conforto.
À medida que vai crescendo, a criança vai entendendo a comida (de acordo com as experiências obtidas em torno desse alimento), como ferramenta de aceitação, uma vez que é comum ouvir dos pais/educadores, sentenças como: “Raspa o prato, porque assim eu vou ficar feliz com você!”, ou: “Se você não comer tudo, vai ficar de castigo!”.
Na adolescência e idade adulta, a comida passa também a ser ferramenta de pertencimento e laser.
Percebem?
Longe de serem experiências soltas e sem maiores consequências, tudo isso tende a ser armazenado naquilo que chamo de “arquivo emocional”, que cria nossas crenças ou verdades interiores.
Uma vez que essas crenças são determinantes para atuarmos na vida, nota-se aí uma ligação estreita entre esses papéis representativos do alimento e nossa forma de nos alimentarmos.
Trabalhando com pessoas em processo de emagrecimento, fica evidente para mim que, mesmo existindo questões fisiológicas por trás do sobrepeso/obesidade (uma vez que esse é um problema com causas multifatoriais), uma grande parcela das pessoas que “brigam” com a balança, têm questões emocionais atuando fortemente na dificuldade em emagrecer, ou na facilidade em engordar.
Numa sociedade geradora de cobranças estéticas, imediatista, capitalista e pouco tolerante a falhas e à dor, vemos um crescente número de pessoas apresentando, desde sobrepeso, até obesidade mórbida e, basta um pouco de atenção e uma conversa rápida com essas pessoas, para percebermos a ligação entre emoções fragilizadas e alimento.
É simples entendermos esse mecanismo:
Se desde cedo aprendemos que o alimento nos gera sensações de bem estar, conforto, aceitação e pertencimento, nada mais esperado que, quando estivermos nos sentindo desconfortáveis, deprimidos, pouco aceitos e uma série de outras emoções angustiantes, busquemos no alimento uma forma de nos sentirmos bem.
Pelo menos é essa a intenção (não consciente), por trás dos nossos hábitos alimentares desregrados.
Resumindo: o alimento vem para preencher nossos “vazios emocionais”.
Grande armadilha!
Digo isso, porque a sensação de bem estar gerada pelo alimento, tende a durar muito pouco e atrás dela, normalmente, vem a culpa e aí entramos no círculo vicioso Comida/Culpa/Comida.
E, quanto mais me percebo nos descontrole dessa situação, mais angustiado me torno e mais alimento busco como forma de me sentir melhor.
Daí a importância de nos questionarmos sempre que a vontade de algum alimento surgir:
Você tem fome? Você tem fome do quê? E, dependendo das respostas que ouvirmos, analisemos se o alimento vai ajudar ou atrapalhar ainda mais.
Vamos refletir?
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