Por décadas, ela foi impedida de frequentar o carnaval porque o marido tinha um comportamento machista e não permitia que ela fosse sozinha. Hoje viúva, ela se sente livre para realizar seus desejos. No último final de semana, decretou: “Quero uma roupa rosa, sobrancelha pintada e o cabelo amassadinho”. E foi assim que a aposentada Maria de Lourdes Alves de Lima, de 88 anos, se arrumou e finalmente “caiu no samba”.
Entrevistada pelo G1, a idosa conta: “A minha história com o carnaval é muito longa, eu sempre gostei muito. Ontem, fui em uma feijoada da Vila Carvalho, que tinha como atração principal a bateria da Mangueira. Foi um pedido para minhas filhas e me deixou muito emocionada. As mulatas me abraçaram, me beijaram e ver os músicos tocando perto foi a maior emoção da minha vida”.
Segundo Maria de Lourdes, o marido, quando não ia aos eventos, dizia que ela também não podia ir. “Fui casada mais de 60 anos e agora vai completar cinco anos que ele faleceu. Depois de muito tempo é que minha filha ia desfilar como porta-bandeira e ele me deixou acompanhá-la. Ontem eu lembrei de tudo isso e saí de lá muito feliz, só queria ter dançado mais com elas, só que o joelho não deixou”, brincou.
Ainda de acordo com a aposentada, as pessoas dançavam muitas marchinhas. “Ontem eu lembrei de quando ficava até 4 horas dançando ‘alalao, oooooo, mas que calor’, entre tantas outras marchinhas. A gente saía na 14 de julho fantasiada, depois ia ao centro português, então, estou muito agradecida por ter vivido este momento”, disse.
A fotógrafa Marithê do Céu, de 28 anos, que é neta de Dona Maria de Lourdes, conta que a avó sempre gostou muito de festividades. “Minha avó é apaixonada por samba. Ela fala que casou com um homem machista e antes cantava na rádio, mas, com o casamento, deixou de fazer muita coisa. Foi só depois, com a minha tia sendo porta-bandeira, que ela voltou a frequentar os carnavais. Nesse domingo (26) a levamos e, quando começou a tocar a bateria, ela falou que ficou toda arrepiada”, relembrou.
Marithê conta ainda que, logo a pós a entrada da bateria, a avó pediu para chegar perto das passistas. “Ela tem muita dificuldade para andar sozinha e, em alguns casos, as pessoas não têm muita paciência de abrir espaço para uma senhora passar. Mas, foi bem legal e muita gente dizia: ‘olha lá, a velhinha de cabeça branca no samba, quero ser assim'”, finalizou.
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Destaques Psicologias do Brasil, com informações de G1.
Foto destacada: Marithê do Céu/Arquivo Pessoal.
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